Free Image Hosting by www.randomcrap.net

31 janeiro 2006

...Amor de verão não sobe serra?

Free Image Hosting by www.randomcrap.net

Em primeira mão, uma foto de Ramón, o amorzinho portenho de Elise. Até agora, só brigaram na hora do chimarrão (um prefere ferver a água, o outro acha isso uma heresia). Aliás, parece que ela só o levará para Lajeado se ele raspar os mullets e a barba.

Ricardo, o interino

A maldade não tira férias

Free Image Hosting by www.randomcrap.net


....Coisa de velho: saímos para dar uma caminhada na praia depois de comer um pastel de camarão (bom e caro). Cansadas e com frio para entrar no mar, resolvemos aposentar a bunda na lagoa, um lugar com água quente e rasa, cheio de crianças. Bem, como já era tarde, havia apenas uma da espécie. Mas, como "não basta ser pobre, tem que ter azar" ela resolveu brincar justamente onde eu e a Camila tínhamos depositados nossos corpinhos tostados pelo sol. E passa por trás nos jogando areia. E atira água na gente correndo pela frente. E ri. Não entendo como aquilo não tinha pai nem mãe por perto. Como deixam um perigo desses sozinho na praia?

- Crianças são enviadas do demo, ninguém me tira isso da cabeça
- Uh, vai morreeeeer, Uh vai morreeeer....espera ela passar de novo.

....Não demora muito, debochando da nossa cara, o meio metro passa correndo, levantando água. Como um instinto, jogo a perna pra frente e passo um puta tranque no moleque! Uau, ele caiu um tombo lindo na água. A Camila chorou de tanto rir. Logo após, prevendo o final infeliz da cria, aparece o pai e o chama para fora da lagoa.

27 janeiro 2006

Revirando a história

....Este texto fiz na primeira série do ensino médio, em homenagem à minha professora de história da época, que tinha um cabelo horroroso e enorme e mentia pra caralho. Vivia inventando histórias espetaculares que nunca aconteceram. Ela usava muita maquiagem. Mas muita mesmo. Ah, e a coitada ainda era cleptomaníaca. E tinha um pé enoooorme. E só queria saber da Idade Média. Meus colegas me aplaudiram quando li o texto na aula de português. Lembro como se fosse hoje: até a professora rendeu-se à minha maldade e teve de rir de sua colega de trabalho. Agora, quase dez anos depois, me mijo de rir da minha cara de pau. Já naquela época eu mostrava o demônio em que me transformaria.

Freud explicou, a história lamentou

Freud explica: cleptomaníaca medusiana rouba a história do Brasil. Um crime hediondo. Rodrigues Alves reluta, Getúlio se debate, mas são esmagados por um dacota 39, que desliza atritadamente na meia de lycra e no talco pra chulé.

O Bozzetti tenta industrializar, mas a fúria dos cabelos biônicos arrasta para os confins do mapa a idade moderna. Mãos trêmulas, bolinhas no quadro, as sirigaitas e as saboneteiras são o carma de sua história. E, para compensar, João VI esconde coxinhas de galinha nas calças.

Tudo engano. Freud explica: Flagelo dos deuses, assassina da corte real brasileira. Suas ondas cinzentas escondem piolhos nutridos pelo mais vil e sanguinolento fato histórico: as heresias, as pecaminosas heresias que vieram tarde demais e nos olhos embulitados da bêbada se esvaineceram de vingança.

A maquiagem em super camadas tapa os buracos das plásticas, a base cuia, os olhos de azul e a matraca falante vermelha. Freud explica: a necessidade de matar historicamente as revoluções vem da falta de senso do ridículo e da sobra de cabelos.

Nota do interino: pela primeira vez a Malvada fez jus ao nome. Tadinha da progessora camufléia (= mocréia camuflada)...

Sin salvación

Ramón é de Luján, um suburbiozinho sem graça de Buenos Aires, onde é proprietário de uma locadora de vídeos. Pirou o cabeção na virada do ano: largou o negócio com o pai e foi com Pepe, uma amigo de fé, para Garopaba em um Uno 94 que vive dando pau.

Ele se diz apaixonado por Elise; disse que se ela não for com ele para a Argentina, nada lhe restará senão mudar-se para Lajeado.

Ele está se aprimorando no portunhol, e até já concorda com Elise: "Si, Pele es mejor que Dieguito."

Ela prometeu a ele um amor pra sempre por três meses - desde que ele rape a barba (estilo Los Hermanos) e se livre dos mullets.

Hmmm. Olha, parece que o amigo portenho de Elise está quase topando. Aimeudeus!

25 janeiro 2006

Jisuis, tira o demonho desse esprito!!!

....Estamos de mudança. Empacotar roupas, livros, cds, esculturas (as minhas, é óbvio), livros, badulaques e outras frescuras dão um trabalho danado. Sempre tive a mania de guardar tanta porcaria que me desfazer de algo era uma novela. Hoje, graças ao bom e generoso deus do desprendimento material, não guardo porra nenhuma. Jogo tudo fora. Pois então. Revirando meu material escolar antigo (desde a primeira série tenho tralhas guardadas), quase morri de tanto rir. Meus boletins eram hilários. Da 1ª à 4ª série: exemplares. Só notas elevadíssimas. Da 5ª à 8ª, reclamações constantes quanto ao meu comportamento. Realmente, eu era um gurizinho. Mas enfim, o que mais me chamou a atenção foram as minhas redações. Nossa, eu era muito revoltada. Lembro que na época alguns professores se chocavam com minhas palavras, mas hoje, até eu me assusto. Escrevia cada coisa que se um adolescente de 13 anos me entregasse pra ler ou eu batia ou enfiava um gardenal goela acima (sim, por que na época, meu estômago devia fazer parte de meu cérebro). E o pior, tinha a cara de pau de escrever sobre meus próprios professores....não sei como não fui quase expulsa da sala de aula um dia. Ahahahaha. Ainda bem que as pessoas evoluem (em alguns aspectos, por que em outros, como criatividade e coragem para dizer o que penso o tempo inteiro, perdi muito com o tempo).

Nota do editor interino, que apenas postou esse texto da Elise: por que a guria não nos mostra algumas dessas redações, hein?

Golpe de estado (atualizado, agora com comentários)

Golpe de estado dá um trabalho da porra. Estou mudando tudo por aqui. Ramón, um amigo argentino, estava conversando ao pé do ouvido da Elise na tentativa de convencê-la a deixar o Sem Salvação com essa nova cara. Aliás, estão os dois tomando tequila, ela dizendo que o Maradona es un mierda, ele defendendo Don Dieguito.

Em suma, agora temos comentários novamente. E não temos mais aquele pau de programação que deixava o post mais embaixo aparecendo truncado.

Gostei da cara disso aqui. Estou pensando seriamente em não devolver o blog para a Elise. O duro vai ser tocar o Sem Salvação em simultâneo com o Homem Baile. Vamos ver o que eu decido.

Ricardo, editor e webdesigner interino

24 janeiro 2006

Estamos em buenos aires

....Esta é a sensação que temos: estamos em Buenos Aires...precisamos nos adaptar ao espanhol para poder comprar uma cerveja. A praia (Ferrugem - SC) está tomada por argentinos. Não é brincadeira. E enquanto sofremos no meio de mullets (deve estar acontecendo o maior congresso mundial de mullets do mundo aqui) o Ricardo acaba com meu blog. Mas deixo para matá-lo quando voltar de viagem. Agora, vou contar o que fazer para deixar os argentinos achando que são o povo mais inteligente do mundo:

* Dançar U2 com a coreografia do tchan: deixe as portas abertas. Se você morar em frente ao único supermercado de Ferrugem sua pontuação sobe. Coloque o mini-som muito alto, o suficiente para a rua ouvir vocês. COmeçe a pular e a dançar axé ao som de Beautiful Day. Depois, se esconda e role de tanto rir da cara das pessoas que assistiram a cena da rua.

* Brigas românticas na beira do mar: corra de trás pra frente na beira da praia, com suas amigas retardadas (Jaque e Camila). Se conseguir esbarrar e derrubar dois argentinos sobe pontos. Depois, comecem a jogar areia uma na outra, tentando acertar sempre os olhos da inimiga. Por fim, quando tiver certeza de que todos os argentinos já viram vocês, a mais corajosa tenta acertar mães d'água mortas nas cagonas. Os argentinos vão se achar até gente......

....Brincadeiras à parte, é verdade. Pensei que fosse puro preconceito a fama que este povo leva, mas ele são mesmo mal educados, abusados, esparrentos e porcos. Mas bem...com chuva e argentino, o que me sobra aqui é uma lan house, que cobra 16 cents o minuto. Ainda bem que achamos outra baratinha em Garopaba....

Dando prosseguimento ao motim...

... eu decidi por minha conta & risco dar uma garibada no visual deste blog. Pra começar, uma alma penada atrás das grades para dar as boas-vindas aos visitantes. Afinal, isto aqui é o "Sem Salvação", assinado por uma mocinha que se autointitula "Malvada".

Ora, eu não me limitaria a postar os textos pré-escritos pela Malvada, hehehehe! Mais mudanças virão, a não ser que a dona do pedaço volte aqui e acabe com a minha festa. Aliás, que acharam do visual?

(Caraca, acho que hoje estou meio punk. Espero que os argentinos das praias de Santa Cataralha continuem deixando Elise bem distante de cybercafés.)

Ricardo, o interino

23 janeiro 2006

Sorte no jogo...

.....Imaginem alguém que não tem coordenação motora nem para enfiar de maneira confortável 3 dedos dentro de uma bola de boliche. Imaginaram? Agora tentem imaginar os amigos desta pessoa rindo dela e da sua “corridinha” antes de atirar (notem este verbo: atirar = jogar longe, livrar-se de maneira bruta) a bola nos pinos. Ainda se concentrem em entender os resmungos da criatura reclamando por que diabos baixaram as canaletas da pista. Agora um close especial na cara dos amigos desta espécie destrambelhada quando a safada faz um strike. É possível? Claro que sim, quando se trata da expert em surpreender pessoas, a doce que vos fala, Malvada. Fiz um strike no último jogo de boliche. Aliás, detesto jogar boliche. Só vou pela parceria. Eu não serviria nem para acertar pedras na cruz...seria capaz de atingir um passarinho que distraído passaria pela cena...

....Outro jogo que me estressa é paciência (computador). Não entendo...juro. Acho que em toda a minha vida apenas ganhei uma ou no máximo duas partidas do computador. É um jogo muito difícil. Por vezes me utilizei do artifício crtl+alt+shift para virar as cartas uma por uma ao invés de três, no intuito de obter um “as” que insistia em ficar escondidinho. Até me sentia mal por estar roubando, mas porra...nem assim conseguia ganhar o jogo! Raios...devo ser uma semi retardada.

....Tem ainda as brincadeiras infantis como, por exemplo, o pogobol. Perguntem se a anta aqui conseguiu alguma vez pular naquilo sem se esborrachar no chão. Claro que não! Eu era um perigo...há pouco tempo tive vontade de começar a patinar...mas relembrando meu histórico psicomotor achei mais saudável caminhar todos os dias com meu radinho e ficar longe de objetos perigosos.

20 janeiro 2006

O interino dá as car(t)as!

Em 1989, em decorrência de viagem de José Sarney para o exterior, o presidente da Câmara dos Deputados assumiu a Presidência da República por oito dias. Na qualidade de chefe interino da Nação, o deputado cearense Paes de Andrade requisitou o Boeing presidencial para levar 60 convidados para Mombaça, sua cidadezinha natal. Dizem que a festança foi memorável.
Enquanto a Elise está a caminho de uma bela e distante praia, estou eu aqui, pensando no que vou aprontar durante a ausência da titular.
Não que eu seja um Paes de Andrade, mas estou louco pra fazer algo mais do que postar os textos que a Elise deixou aqui comigo. Alguma sugestão?

Ricardo, editor interino

melhor do que tirar férias na praia, é tirar onda no blog

To saindo de férias (oh....) e queria que neste período de ausência uma fada madrinha surgisse e arrumasse minha mesa (não tem graça sair e deixar ela arrumadinha...parece que não vou mais voltar...vou deixar ela do jeito que está). Queria também que outra fada aparecesse e arrumasse meu quarto. Outra para fazer a mudança. Mais uma quem sabe para responder meus e-mails e outra para controlar o conteúdo deste blog..pois devido às ameaças do Ricardo, sinto que isso aqui vai ficar a cara dele e não mais a minha....ahahhahaha. Vou entrar num cyber por aí para atualizar e contar como a praia está maravilhosa e como é bom NÃO estar TRABALHANDO. Ahahahha. Fuiiiiiiiiiiiii.

19 janeiro 2006

e ae miguxalhada

...Miguxos, a fofuxa aqui tá indu pra praia amanhã de tarde. Axim, não fiquem tristuxos, pois meu miguxo Ricardo vai atualizar o blogux pra mim. Não vou ter a cara de pau de dizer que semana vem, por conta da ausência, não vou poder dar os devidos feedbacks e comentar no blog de vocês pois tenho a consciência de que como péssima blogueira, faço isso uma vez por semana no máximo. Mas sei que vocês sempre me perdoam e voltam...nao tem salvação, não é assim?

Bjuxxxxxxxxxxxx

18 janeiro 2006

Caminhos

As parcas

Levado por uma corda, ele caminha. Segue o balançar dolorido das amarras, tentando desvencilhar-se apenas dos pequenos entulhos que o encontram. Seus olhos chamuscados pelo sol arrastam o olhar pelo chão em fuga da claridade. Dizem que depois de certo tempo, a pele humana torna-se insensível pela aspereza criada com o atrito constante. Mesmo assim, entulhos atrapalham o andar compassado, cantado pelas cordas. E ele se concentra cada vez mais nos malditos pedregulhos que se atravessam em seu caminho. As pedras tomam dimensões maiores, refletindo cada vez mais o sol dolorido e penoso para ele. De algumas é preciso passar por cima, pois a folga da corda nem sempre permite desvios. De outras, faz-se necessário o encaixe das solas dos pés. E assim vai-se moldando o caminho, conforme seus pés o trilham, a corda balança e o sol cega seus olhos.

Os porcos

Levados por um corredor, eles caminham. Seguem os passos uns dos outros na única via do concreto molhado, sem obstáculos a não ser a sombra um do outro. Seus olhos baixos em vão tentariam fugir pelas imensas paredes que os separam de suas casas. Dizem que depois de certo tempo, a adrenalina do corredor do abatedouro faz com as glândulas dos porcos liberem uma toxina envenenando a carne do animal. Mesmo assim, seguem velozes seus caminhos, empurrados por espadas de ferro que mostram o poder de quem comanda o ciclo da vida. E se concentram cada vez mais nos gritos que escutam vindo de um lugar não muito distante e cada vez mais próximo. Os malditos grunhidos. Mesmo não podendo ensurdecer à sua vontade, eles continuam. Faz-se necessário o cumprimento da ordem não natural da vida, pois não há como voltar. E vão adiante, conforme os cegos mandam.

17 janeiro 2006

O reverso da paz

....Recebi este texto e com muito gosto publico ele aqui no meu blog. A autoria é de Franciele Spohr. Não vou falar nada dela, pois o texto revela a categoria desta menina.


No Iraque morre gente, na África morre muita gente. Nos morros em Porto Alegre morre gente todo o fim de semana, no Rio de Janeiro morre muita gente. Não vou discutir a validade, as razões, os tipos, os certos e errados nessas guerras todas. Nós já sabemos muito bem do que se trata, bem demais até, nos incomoda, preferíamos nem saber, afinal, nós gaúchos do interior, do Vale do Taquari, somos tão pacíficos graças à Deus que preferíamos nem ficar sabendo disso tudo. Porque temos que assistir a esse banho de sangue, na delícia mansa dos nossos lares bem nutridos se nós não temos nada a ver com isso? Por isso, eu não vou falar sobre a guerra, mas sim, sobre o lado
pejorativo da paz.

Eu vou falar sobre fazer e aceitar qualquer coisa em prol de uma falsa paz. Eu vou falar especificamente sobre Lajeado. Apesar do aumento perceptível e apavorante da criminalidade em todas as cidades da região, louvamos acreditar que ainda nem chegamos perto da incivilidade da maioria do país, não temos os traficantes das favelas cariocas, não temos o coronelismo do norte e nordeste, não temos violência de ordem sexual nas nossas famílias bem planejadas e amorosas, todos os cidadãos se amam e se respeitam, todo mundo criado com os melhores valores possíveis.

Mentira deslavada e perigosa. Lajeado é uma cidade que transpira violência e caminha para a explosão. E eu não estou falando do perigo que vêm da miséria. Eu falo do perigo que vêm dos que tem poder. Poder é muitas vezes uma questão de status. É, por exemplo, você que nasceu e se criou no centro da cidade de Lajeado, muito urbano e moderno, debochar dos colonos quando é criança, desprezar os colonos na adolescência e se julgar no direito de passa-los para trás quando for um profissional, porque afinal, colono é tudo burro mesmo. Cá entre nós, todo mundo conhece alguém que acha que colono é "sub-gente", assim como, claro, também todos os negros, indígenas e gays que porventura tiverem coragem de morar aqui. Todos esses tipos são imediatamente identificados, marcados, desprezados e, se necessário, perseguidos.

Me parece que atualmente os gays ganharam uma trégua (ah, sim, é um presente ser aceito pela sociedade daqui!), desde que aceitem o status de "amiguinhos-fofos-de-madame", figuras pitorescas, quase podlles. Veja bem, não digo que eles sejam isso, muito pelo contrário, mas são transformados nisso, para serem aceitos. Ou você acha que um gay assumido, discreto e atuante se elegeria alguma coisa nessa região? Gays declarados podem até ter uma vaga no cemitério negada! Poder é muitas vezes uma questão de intimidação branca.

Os que ameaçam vidas e integridades usam terno e gravata, tem pelo menos uma empresa no bolso e dois carros na garagem da sua casa enorme e bem ajardinada. Então eles são gente decente. Então eles podem e sabem o que estão fazendo e não fariam nada de ruim pra "gente de bem", se eles atentam contra alguém, é porque a pessoa merecia. Essas histórias nunca vêem a tona. Também não vêem a tona que gente de bem é só que tem muito como eles. Também não vêem a tona o que eles cometem contra os filhos dos outros ou contra os seus próprios filhos e filhas. E, quando por acaso, uma bomba dessas explode e a sujeira voa pra todos os lados, os processos são absurdamente sigilosos, nenhum desses aparece em página policial e nem será punido. Todos desistem e calam. Poder é muitas vezes uma questão de ignorância e ganância. Essas duas coisas misturadas parecem conceder o direito de um atendimento precário na maioria dos serviços prestados nessa cidade. Claro, se você for um ninguém sem parentes importantes como eu, que, por exemplo, tenho pago mais de R$100,00 de condomínio por mês, para morar num prédio velho, sem elevador, sem portaria, sem área de lazer, sem gás central, sem assessoramento financeiro (a orientação é que nós mesmos devemos cobrar os condôminos que estão em atraso, caso contrário, os pagantes em dia arcam com a dívida). Desses R$ 100,00, o que eu ganho é uma limpeza nos 4 andares de escada e água. Mas eu sou obrigada a ficar quieta e não reclamar. Poder é muitas vezes uma questão de hereditariedade sim. Aqui, tanto quanto como no Pará com seus coronéis. Não é porque não há tiroteio nas ruas
que isso é menos verdade. Amigo meu que esteve aqui de visita pela primeira vezes, passou dois dias na cidade e já percebeu. Me perguntou se a cidade pertencia há duas ou três famílias. Eu respondi que sim. Tanto são donas da cidade que tem o direito de dever quanto e pra quem quiserem. Eles não precisam pagar suas contas. Nem prestar contas de seus desmandos. E o pior
são os galhos mais novos dessas famílias, que vão crescendo imersos nesses abusos e cada vez mais arrogantes e prepotentes. Logo logo vamos estar queimando mendigo, isso se já não estiver acontecendo, só não veiculado.

Quando reclama você é louco, baderneiro, mal-humorado, arruaceiro, revoltado, persona non-grata. Quando você reclama, está se metendo onde não é chamado, está provocando, está bagunçando a ordem, está sendo violento. Quando você reclama, é humilhado, retalhado, perseguido e ameaçado.
Está perturbando a paz de uma cidade tão bonita. Lajeado é bonita sim. Nos pátios, nos parques, nas calçadas, na superfície. Nos quartos, porões, embaixo da pele e dentro dos cofres, Lajeado é horrível. E uma guerra contra isso vale a pena ser comprada, porque se você, como eu, só tiver o
direito de viver em paz com a cabeça baixada pra tudo, acabará incapaz de
lutar contra a bota que se aproxima cada vez mais das nossas cabeças. Amassados com consentimento.. Esse é o troco da paz de mentira.


Francieli S.

16 janeiro 2006

Sourire

....Gosto dele pelos seus vários sorrisos. O meio bobo, como se estivesse o tempo inteiro envergonahdo por ser o centro de minhas atenções. O de canto, quando algo lhe intessa mas não quer demonstrar. O largo, quando me acha engraçada. O discreto, enquanto me observa falando. O de amigo, quando falamos de coisas do passado. Mas de todos eles, o seu melhor é quando seus olhos se abrem para um sorriso que ele não mostra pra ninguém. Mas eu vejo mesmo assim. Porque o sorriso dele abre os meus.

13 janeiro 2006

Não sou mais tia agora

....A noite estava tão quente ontem...parecia que a qualquer momento explodiríamos de tanto calor. Saímos para dar uma volta na rua. Pensei que depois daquela noite em que eu e a Camila tivemos de nos esconder atrás de um poste para despistar dois babacas, nada mais tão bizarro aconteceria. Ledo engano. Ao atravessar a rua, um carro avança o sinal lentamente e eis que surge da janela uma criatura com os olhos esbugalhados e cabelos espetados, gritando:

Hei mamãe! Hei mamãe! Me leva pra casa! Me cria, mamãe!

....Nos olhamos e por alguns instantes tentamos digerir o que tinha sido aquilo. Tudo bem ser chamada de tia, mas de mamãe?! Pelamordedeus, o que é isso? Para acabar com a noite, fomos ao Beer Dog tomar uma cervejinha e um cinquentão senta na mesa ao lado. Ele olha seriamente para a Mariel e pergunta: “você também acha que eu poderia ser seu avô?”. Ela olha pra mim. Eu viro a cabeça para não precisar rir. Jesus.....depois de termos sido chamadas de mãe vem um nono querer traçar a gente. É de morrer.

12 janeiro 2006

Buenos Aires me espera

....Assinei hoje o contrato que me fará uma pessoa mais feliz no dia 03 de março, em Buenos Aires, ounvindo ao vivo o sussurro de Bono Vox na música Sunday Bloody Sunday. Espero que eles toquem as clássicas. O inconveniente são as regras bestas do tipo: documento de identidade com menos de dez anos. Porra, há dez anos eu era igualzinha ao que sou hoje, apenas com muuuuito cabelo e 15 quilos mais magra. Enfim, taxa adicional. Nessa bincadeirinha, vai uns 50 pila. E atenção: dia 21 estarei indo pra praia...e não sei quando volto. E não sei o que será do Sem Salvação. Mas para tudo nessa vida dá-se um jeito. Estou mais ou menos com o espírito desta foto aí:

08 janeiro 2006

O dia em que quase fui expulsa de um salão de beleza

....Sexta-feira: eu e minha amiga no salão para cortar o cabelo. Na rádio, tocando uma música do Chico Buarque e em seguida uma dos Belle & Sebastian. De cara, imaginei que fosse a rádio da Univates que estivesse sintonizada, uma vez que nunca ouvi tal programação em nenhuma outra emissora. Perguntei. O Lú (o cabeleireiro) confirmou.

- Como você quer o cabelo?
- Tanto faz, deixa do jeito que achares melhor (confio nos gays para cortar o cabelo, eles são maravilhosos). Mas não gosto volumoso.
- Certo.

....Neste momento começa a tocar uma música muito brega. Não lembro qual exatamente, mas uma no estilo das antigas do Latino. Outra em seguida no mesmo estilo. Eu, como não posso ficar calada nunca, solto a pérola:

- Mas o Brito (o cara que programa a rádio) tem merda na cabeça mesmo. Colocar essas músicas horrorosas?

....Neste momento o Lú pára de cortar meu cabelo e responde:

- Este é um CD meu. Eu troquei. E eu adoro.

....Putz....a Mariel quase se mata de rir da minha cara. Eu nem tento remendar, uma vez que o fora foi grande e qualquer tentativa de reparar o dano seria assassinar o meu cabelo. Me conformo em solicitar a ele que não se vingue no corte. Ele sorri discreta e amareladamente. Minha amiga sentencia: juro que um dia tu apanha de alguém.

06 janeiro 2006

Conhecimento musical é tudo numa pessoa

Se você está contente bata palmas (clap clap)
Se você está contente bata palmas (clap clap)
Se você está contente e quer mostrar a toda a gente, se você está contente bata palmas (clap clap).


A hora que conseguir tirar a porra dessa música da cabeça eu posto algo decente. Merda...como a gente pode acordar com uma tosqueira dessas e não parar de cantar? Aff

04 janeiro 2006

O dia em que quase fui expulsa de casa

...Não sei quem é mais debochado: eu ou meu irmão. E minha mãe, tadinha, com 47 anos nas costas ainda não percebeu isso e cai em todas as piadinhas que a gente prega. Uma das mais sarcásticas aconteceu ontem pela manhã. Foi a única vez que eu levei até o fim e a primeira que ela percebeu e ficou puta da cara. Estava eu sentada no trono quando ela invade o banheiro, com aquele jeito espalhafatoso que por desgraça eu herdei:

- Elize? (minha mãe escreve meu nome errado, não sei se vocês lembram)
- hmm?
- O que tu tá fazendo?
- Tomando banho no vaso
- ãh?
- É. Não tá vendo?
ela fingiu que não ouviu pois não entendeu e continuou:
- Tu tá com a minha chave?
- Não.
- Tu tá com a tua, entao?
- Sim
- Mas tu não pegou a minha chave?
- Sim, mãe. Eu peguei a tua chave e tô com a minha.
- Mas por que tu fez isso?
- Por que eu gosto de pegar a tua chave e ficar com duas.
- Mas por que?
- É legal te ver trancada fora de casa.

Ela ficou indignada comigo por eu estar com as duas chaves e saiu batendo porta. Eu não acreditava no que tinha acontecido. Ela realmente teria pensado que eu falei sério? Não deu nem tempo de responder mentalmente minha pergunta e ela volta, furiosa, esbaforida de tão brava:

- Tu não pegou a minha chave coisa nenhuma!
- Mas é óbvio que não, mãe! O que eu faria com a tua chave?
- Isso foi uma brincadeira?

....Ela ficou olhando bem séria pra mim. Eu comecei a rir enlouquecidamente. Juro, ainda bem que eu tava no vaso, caso contrário teria me mijado toda. Eu ri muito, mesmo. Ela só voltou a dirigir a palavra à minha pessoa hoje de manhã, depois de eu ter mimado ela e jurado não fazer mais brincadeiras, contanto que ela só perguntasse as coisas uma vez. Não sei quem vai quebrar o contrato primeiro, mas com certeza, o mesmo não dura dois dias!

03 janeiro 2006

O dia em que quase fui expulsa de um casamento

....Centroavante da bola fora. Miss Gafe. Eis que aqui vos fala, meus queridos, a Rainha do Fora. A minha máxima (agora me achei) “não basta ser pobre, tem que ter azar” acabou de ser modificada para “não basta ser pobre nem ter azar, tem que abrir a boca”.

....Casamento de um amigo. No salão, músicas de igreja rodavam na vitrola. Todos os convidados eram muito religiosos e eu numa mesa cheio de bagaceiros. Pra que, né? Era pedir pra fazer bobagem. As músicas de jesus embalando o salão, enquanto um casal na minha frente brigava. Essa minha mania chata (que já saturou, confesso) de falar em reencarnação tomou conta de mim e eu falei para a menina, em voz bem alta e brincalhona: “caralho, pra ter casado com essa mala, na outra encarnação tu fez boca de urna pro Barrabás. E mais, tu carregou com um cartaz dizendo: (neste momento a música pára. Ela sempre pára quando estamos prestes a falar bobagem) Fora Jesus! Fora Jesus! Fora Jesus! Não teve quem não escutou no salão. Meus amigos todos se enfiaram em seus pratos e eu, ainda sem entender (como custa a cair a ficha dos gafentos), olhava pensando “o que esses merdas estão fazendo?”. Olhei à volta, todos me observavam, eu ainda com os braços esticados (segurando o cartaz imaginário do “fora jesus”), quando me dei conta da bobagem que tinha feito. Outra música começou e eu falei, tentando remendar “aleluia, irmão!”, o que não convenceu ninguém.

....Bem, não preciso dizer que comi a sobremesa (cara de pau) e fui ligeirinho embora, né?

invernos

....Gosto do inverno. De entrar num copo de café e ficar lá bem quietinha e sozinha, quente e escura. O verão me enjoa, me deixa exposta, frágil, intolerante à luz. Minha caverna é meu jardim secreto.

01 janeiro 2006

O primeiro dia

....E depois de fazer tudo, Ele descansou. Só imagino Deus agora no meu lugar, depois de tanto trabalho (festas de final de ano acabam com nossa saúde). Ele senta em seu PC, entra no msn com uma garrafa de coca (é preciso dar um descanso pro corpo), um pacote de pingo d'douro (não aguento mais carne de porco e frutas), e grita enlouquecidamente as músicas do seu novo CD (As Músicas do Século, em 9 capítulos). Ahahahahahhahaha. Porra, hein Deus? Se tu tivesse a vidinha que tenho, há muito já teria mandado a humanidade à merda. Pelamoededeus, quer dizer, peloseuamor, essa vidinha me cansa. E ainda tem cerveja no freezer, mas o que é isso? Sozinha em casa, cheia de porcarias pra comer e com cerveja e internet liberada (meu irmãozinho também foi viajar). Difícil resistir ao pecado.

....Ainda sobre o CD, preciso confessar (estrategicamente depois de um post sobre U2) que AMO MÚSICAS BREGAS. Aqueles hits dos anos 80 que ninguém mais aguenta. Sim, sim, esses mesmos. Não faz muito tempo, numa festa anos 80, fiquei com um cara UM POUCO mais novo que eu. Foi engraçado. Enquanto conversávamos, ele ia pedindo as bandas que estavam rodando. Eu sabia 85% delas. Foi quando entrou um Abba na parada. Dei um pulo e o puxei para dançar. Foi quando o cara me solta um: "minhã mãe adora essas músicas". Ah, vai pastar, eu pensei. Mesmo assim, nada me impede de cantar com orgulho, agora, em frente ao PC, as seguintas musiquinhas de meus novos cds. Divirtam-se crianças:

Sacrifice - Elton John
What's going on - Marvin Gaye (Marvin Gaye é o cara)
The lady in red - Chris de Burgh
I'm not in love - 10CC
Maggie May - Rod Stewart
Baby, I love your way - Peter Framptom
Everybody wants to rule the world - Tears for Fears (essa muito a cara dos 80..credo)
Too Much Heaven - Bee Gees (que vontade de chorar, ahahahhaha)
Can't take my eyes off you - Engelbert Humperdink (uhú, vamos cantar e pular em cima da cama!!!! Quem não fez isso com essa música?)
Sixteen Tons - The Platters (existem vários tipos de striptease, mas para aqueles mais animadinhos e não tão selvagens, esta é a melhor música do século para isso, ahahahha)

....Bem, queridos, depois disso tudo (é demais para o primeiro dia do ano, não acham?) vou para a farra, perder as calorias da virada...