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25 dezembro 2004

E agora José?

....Natal é tempo de paz e amor. Por mais clichê que isso seja, toda a humanidade acredita. E realmente nesta época as pessoas parecem mais próximas. Mas o meu Natal fugiu um pouco da regra este ano. Como quase tudo na minha vida: foi engraçado. Sabe, um dia vou escrever uma carta para o papai noel (juro que vou) pedindo a ele: “Qual é o problema?”.

....A primeira manifestação cômica foi nesta semana, mais precisamente na quarta-feira. Todos se ligam no Natal para desejar boas festas e o diabo a quatro, mas ficamos de fora dos planos da Anatel.... ladrões sem coração conseguiram roubar o cabo do telefone. A rua toda estava incomunicável. Trágico. Como meu celular tem como única função me despertar aos berros toda a manhã para mais um dia de labuta, é claro que ele estava sem créditos. Ou seja, nem as mensagens que recebi consegui retribuir. E como meus amigos também têm celular de cartão, nem toque a cobrar pude dar.

....Para completar a grande saga, na véspera do Natal, a Girando Sol conseguiu contaminar a água do nosso bairro com soda cáustica. Não dava nem para tomar banho. A não ser que se pretendesse uma esfoliação intensa na cútis. Que cú. Sorte que tenho amigos compreensivos que emprestaram o chuveiro para esperar o papai noel cheirosinha.

....Poderia até, mesmo depois de tudo isso, ter mandado uma mensagem com meu celular novo (ao menos para algo o velhinho presta), mas ele não pega sinal em lugar algum. Então, vão todos para aquele lugar. Isso mesmo. Inclusive o papai noel. Ahahahahahahaha, quero ver o que vai ser da virada do ano......

20 dezembro 2004

Ai minha mãe

Nada que um porre não cure. Para males da alma um espelho. Mas um espelho de mãe, para parecer mais belo.

19 dezembro 2004

Nova moda da Malvada: Trip-hop

....Provei e gostei: trip-hop é bom sim. Os mais abusadinhos podem chamar de pop disfarçado que bato o pé e digo que é bom. Aliás, cada vez mais podemos julgar menos as coisas, e isso está me deixando mais tranqüila. Bem, voltando ao trip-hop, já conhecia Portishead, Hooverphonic, Lamb, Massive Atacck e Tricky. Neste final de semana me detive a procurar melhor Morcheeba. Tinha escutado algumas músicas do disco “Who can you trust?”, que para mim, é o melhor da banda. Consegui 22 músicas, a maioria do álbum Big Calm.

....Para você que nunca entrou no blog, não se iluda, não entendo de música. Mas tenho alguns trips hops se alguém quiser emprestado.





17 dezembro 2004

Enquanto isso, em Bratislava.....

P1 - Mas qual é afinal o problema?
P2 - Abriram os portões.
P1 - Sério? E o que Deus pensa a respeito?
P2 - Circo ao povo.
P1 - Assim, sem mais?
P2 - Os leões também precisam comer.

15 dezembro 2004

Pecado da incredulidade

....A diferença da idade adulta é não acreditar. O exato marco que delimita o momento em que deixamos a liberdade da juventude para nos encerrarmos como gente grande, é quando desacreditamos. Eu acho. Quer dizer, marco exato não. Tudo é processo complexo para os mais esclarecidos. Para os positivistas seria uma peça pequena, mas imprescindível do organismo. E para mim, talvez, mais uma coisa que não entendo.

....Desacreditamos tanto na vida que é preciso nos ocupar do futuro de nossos filhos. E nos ocupamos. Mesmo sem acreditar. Ficamos quietos. Não contamos a verdade. Cada um sempre descobre sozinho o que não existe. É por isso que dizem que tudo tem sua hora certa. Depois culpam o destino. Mas isso é um outro processo.

....Deixamos de acreditar em futuro. Descobrimos que não existe ascensão social. Nos damos conta que a pobreza é parte do sistema e não vai acabar nunca. Que a prostituição não é uma consequência. Que a vida não passa de um sopro e que um simples vento acaba com tudo o que construímos. Que nossa base é de areia. Que nossa mente é de vento. Que nossa vida é de vidro. Que nosso ouro é de tolo. Que nossa bondade é de pó. Que nosso conhecimento é de papel. E que a chuva destrói muito mais.

.... E nos refugiamos em literaturas que fazem a vida parecer mais do que é. E chamam isso de cultura. E nos perdemos em filmes que nos ensinam a aventura de viver. Chamam isso de cultura. E nos escondemos em coisas mais amenas como shoppings, tvs, bacanais, traições, fofocas, guerras, internet, hot dogs, droguinhas mais. É por isso que existem essas coisas. Para esquecer o que sabemos que não existe. E nos enganam direitinho. E nos enganamos direitinho.

13 dezembro 2004

E-mails

Fragmentos de uma limpa nos meus e-mails.



....Um dia li:
que comer tomate evita câncer
que o ataque das torres gêmeas estava previsto no livro do apocalipse
que o sexo melhora a pele
que Alexandre Dumas pagava pessoas para escrever para ele
que panela de alumínio faz mal para a saúde


....Um dia escrevi para alguém:
eu te odeio, agora deixo bem claro
acho que deveríamos esquecer tudo
tenha coragem que o fim do mundo se aproxima
eu já li isso em algum lugar...
a vida é mais que isso
talento não é tudo
vamos parar com isso?


....Um dia alguém me escreveu:
você é uma pérola
não gosto do teu jeito estabanado de fazer as coisas
disse que te amo?
vamos comer cachorro quente do carmelito hoje?
gostei do que você falou hoje

09 dezembro 2004

A morte

Na Idade Média a morte foi domesticada nos corações. Desejada pelos guerreiros, aguardada pelos religiosos, temida por ser inesperada, a morte foi sentida como um rito de passagem para um outro mundo, o Além. Os medievais percebiam o Além como uma realidade: a Idade Média foi o tempo do Além. A preocupação com o pós-morte foi uma constante em suas vidas. E de todos os homens, o usurário foi o contramodelo social escolhido para representar as opções da geografia do Além, qual a localização das vidas futuras dos crentes. Assim, o Além espelhou, em certa medida, todo o emaranhado imaginário de esperanças, de expectativas e de angústias de toda uma sociedade, daquela sociedade dita medieval.


...Tirei isso de algum lugar..não lembro de onde.

08 dezembro 2004

Amenidades melodiosas

....Gostaria de pedir uma coisa: quem tiver Massive Attack, o álbum “100th Window” faça a caridade de me emprestar. Por um Natal mais feliz. Tenho umas coisas que posso permutar, por um Natal mais feliz também.

....Ontem falava com o Cris sobre música. Aliás nem era música o assunto, mas como ele me passou umas músicas, entramos no assunto. Ambos estamos na fase do Belle and Sebastian e Gentle Waves. Que fase hein Cris, estamos muito deprês. Eu acho. Sei lá, final do ano tem essa força na gente, deixa tudo mais lento, ao mesmo tempo em que não há tempo para nada. Acho que o tempo se acelera enquanto nos tornamos mais lentos. É, acho que é isso.

....Outras coisas que estou a procura: novo cd do U2 - vou piratear, é lógico, ele deve estar bem caro agora. E por falar em U2, ele foi indicado ao Grammy. Olhem só:




Veja os principais indicados para o 47º Grammy
Redação

Foi divulgada a lista dos indicados das 107 categorias para o próximo Grammy.

O cantor Kanye West foi o campeão de indicações com 10, incluindo "Álbum do Ano", "Álbum de Rap", "Música do Ano" e "Revelação do Ano".

Usher e Alicia Keys ficaram em segundo lugar com oito nomeações, concorrendo inclusive ao "Álbum do Ano". O dueto dos dois, My Boo, foi indicado para melhor "Performance R&B".

Kanye West brincou em declaração à MTV norte-americana que espera "perder em todas as categorias em que compete com Usher". Ele disse também que está "contente que o álbum do Outkast saiu no ano passado".

No campo do rock, quem tem mais chances de se dar bem é o Green Day. O grupo foi indicado para "Álbum do Ano" e "Álbum de Rock do Ano" por "American Idiot", além de melhor "Performance de Rock".

O Velvet Revolver, banda formada por músicos ex-Guns n' Roses com vocalista ex-Stone Temple Pilots, recebeu três indicações: melhor "Performance de Rock", "Música de Rock" e "Álbum de Rock". O U2 também teve três indicações com o single "Vertigo".

Ainda com três indicações ficaram as revelações Franz Ferdinand, The Killers e Modest Mouse.

Nas categorias de Pop, Ray Charles obteve três indicações (de um total de sete que recebeu), incluindo melhor "Álbum Pop com Vocal". Joss Stone recebeu três indicações: "Álbum do Ano" (geral), "Álbum Pop com Vocal" e "Performance Pop Feminina".

Aqui tem a lista completa dos indicados.

06 dezembro 2004

Doce história de Natal

Ninguém tem uma historinha doce de Natal para contar?

Clique ali no numerozinho e conte.



Eu tenho: eu era ainda criança quando minha mãe me deu um havaianas e dois bebês negrinhos de presente. Eles eram lindos (os negrinhos - o havaianas eu odiei, na época eram tri fora da moda e quem usava era tachado de colono na escola). Eram de plástico duros, e o único movimento que faziam era rodar a cabeça. Um era azul e outro verde. Pena que não tenho mais eles para colocar uma foto, foi o presente que mais gostei na minha vida. Brinquei muito com eles. Meu irmão, no mesmo ano, ganhou um jogo educativo (que meu pai tinha ganhado de presente da prefeitura - ele era funcionário público) de trânsito. Tinha asfalto, plaquinhas de sinalização e tudo. E nós passavamos o dia brincando. Meus bebês eram os pedestres e meu irmão o guarda de trânsito. Quando não estávamos brincado, estávamos brigando. E brigávamos muito. Um queria mandar mais que o outro. Um queria saber mais que o outro. E hoje eu não sei mais nada. E não mando em nada. Nem nos meus bebês, que a mãe deu pra alguma criança por aí. Queria meus bebês de volta.

03 dezembro 2004

Espírito de Natal

....Adamantina era assim: chata. Os coleguinhas nunca gostaram muito dela, ela foi sempre esquisitinha, sem gracinha, sem estilo. Não colecionava papéis de carta, não mascava chiclés da moda, não sabia andar de skate, nem de patins, não tinha dinheiro para comprar sonhos na bodeguinha do colégio. Não sintam peninha dela, era chata. Suas trancinhas ridículas e esvoaçantes irritavam. Seu jeito atrevido - menina boca suja! Era chata, isso sim. E perversa. Onde se viu criança pequena, tamanho de nada gente, não gostar de natal. Adamantina não gostava. Pronto. Teimosa como sua mãe, uma puta metida a gostosa, derrubada pelo tempo, que teve o corpo desgraçado por um filho depois dos quarenta. Agora como conseguir mais homem? Acabada desse jeito o preço era menor. Vaca da Adamantina. Já botava o pé e o cú no mundo desgraçada.

....Mas o natal a entediava, sempre. Fazia aniversário pertinho, não sabia o dia direito, mas era perto, sua mãe dizia. Mais um motivo para as duas se odiarem. Chegava final de ano, a mãe fazia pinheiro, enchia de penduricalhos velhos e sujos. Ada quase morria trancada no quarto, sufocada em 41,5 graus, cheia de tudo. Entupida do feijão queimado do almoço. Mas era chata. Na manhã daquele ano, no dia 24 de dezembro, sua mãe morreu.

....E Adamantina sorria. Livre. Da vaca e do natal.

01 dezembro 2004

O cult do trash

....Sei que muitas pessoas não gostam de Zeca Baleiro. Dizem que ele não é cult. Que se fodam. Odeio pessoas que julgam as outras pelas músicas que ouvem. Odeio pessoas que acham que para ser aberto é necessário fumar maconha. Odeios os piercings que me encontram pelo caminho. O primeiro post do meu primeiro blog foi esta música.




Piercing
Zeca Baleiro

tire o seu piercing do caminho
que eu quero passar com a minha dor

pra elevar minhas idéias não preciso de incenso
eu existo porque penso tenso por isso insisto
são sete as chagas de cristo
são muitos os meus pecados
satanás condecorado na tv tem um programa
nunca mais a velha chama
nunca mais o céu do lado
disneylândia eldorado
vamos nós dançar na lama
bye bye adeus gene kelly
como santo me revele como sinto como passo
carne viva atrás da pele aqui vive-se à mingua
não tenho papas na língua
não trago padres na alma
minha pátria é minha íngua
me conheço como a palma da platéia calorosa
eu vi o calo na rosa eu vi a ferida aberta
eu tenho a palavra certa pra doutor não reclamar
mas a minha mente boquiaberta
precisa mesmo deserta
aprender aprender a soletrar

não me diga que me ama
não me queira não me afague
sentimento pegue e pague emoção compre em tablete
mastigue como chiclete jogue fora na sarjeta
compre um lote do futuro cheque para trinta dias
nosso plano de seguro cobre a sua carência
eu perdi o paraíso mas ganhei inteligência
demência felicidade propriedade privada
não se prive não se prove
dont't tell me peace and love
tome logo um engov pra curar sua ressaca
da modernidade essa armadilha
matilha de cães raivosos e assustados
o presente não devolve o troco do passado
sofrimento não é amargura
tristeza não é pecado
- lugar de ser feliz não é supermercado

o inferno é escuro não tem água encanada
não tem porta não tem muro
não tem porteiro na entrada
e o céu será divino confortável condomínio
com anjos cantando hosanas nas alturas
onde tudo é nobre e tudo tem nome
onde os cães só latem
pra enxotar a fome
todo mundo quer quer
quer subir na vida
se subir ladeira espere a descida
se na hora "h"o elevador parar
no vigésimo quinto andar der aquele enguiço
- sempre vai haver uma escada de serviço

todo mundo sabe tudo todo mundo fala
mas a língua do mudo ninguém quer estudá-la
quem não quer suar camisa não carrega mala
revólver que ninguém usa não dispara bala
casa grande faz fuxico
quem leva fama é a senzala
pra chegar na minha cama
tem que passar pela sala
quem não sabe dá bandeira
quem sabe que sabia cala
liga aí porta-bandeira não é mestre-sala
e não se fala mais nisso mas nisso não se fala