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15 dezembro 2004

Pecado da incredulidade

....A diferença da idade adulta é não acreditar. O exato marco que delimita o momento em que deixamos a liberdade da juventude para nos encerrarmos como gente grande, é quando desacreditamos. Eu acho. Quer dizer, marco exato não. Tudo é processo complexo para os mais esclarecidos. Para os positivistas seria uma peça pequena, mas imprescindível do organismo. E para mim, talvez, mais uma coisa que não entendo.

....Desacreditamos tanto na vida que é preciso nos ocupar do futuro de nossos filhos. E nos ocupamos. Mesmo sem acreditar. Ficamos quietos. Não contamos a verdade. Cada um sempre descobre sozinho o que não existe. É por isso que dizem que tudo tem sua hora certa. Depois culpam o destino. Mas isso é um outro processo.

....Deixamos de acreditar em futuro. Descobrimos que não existe ascensão social. Nos damos conta que a pobreza é parte do sistema e não vai acabar nunca. Que a prostituição não é uma consequência. Que a vida não passa de um sopro e que um simples vento acaba com tudo o que construímos. Que nossa base é de areia. Que nossa mente é de vento. Que nossa vida é de vidro. Que nosso ouro é de tolo. Que nossa bondade é de pó. Que nosso conhecimento é de papel. E que a chuva destrói muito mais.

.... E nos refugiamos em literaturas que fazem a vida parecer mais do que é. E chamam isso de cultura. E nos perdemos em filmes que nos ensinam a aventura de viver. Chamam isso de cultura. E nos escondemos em coisas mais amenas como shoppings, tvs, bacanais, traições, fofocas, guerras, internet, hot dogs, droguinhas mais. É por isso que existem essas coisas. Para esquecer o que sabemos que não existe. E nos enganam direitinho. E nos enganamos direitinho.