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12 outubro 2006

Assombração

....O Brasil tem o 9º maior pib do planeta. E a 4ª pior distribuição de renda.
30% da população brasileira, com dados em 2002, não consegue atender minimamente suas necessidades diárias (a chamada pobreza absoluta – não se come, não se veste, não se mora). Dos 170 milhões de brasileiros, cerca de 50 milhões vivem em condição de indigência, com renda inferior a R$ 80,00 por mês.

....Quer saber por que as pessoas não tem noção desses números? Durante todo o mês de agosto, os dois jornais de maior circulação estadual publicaram míseras 20 fotos que retratassem algum tipo de exclusão social (não estou falando em pobreza absoluta aqui...mas em qualquer tipo de exclusão. Não eram fotos de gente passando fome não...). Em contrapartida, a pobreza no mundo, em especial no Líbano, foi pauta para nada menos de 60 fotos.

....Nas eleições, meus colegas de mesa reclamavam do vale de 10 reais dado para almoço. Quantos brasileiros almoçam 10 reais por dia?

....Questionado sobre a legislação que permite que políticos sejam donos ou tenham participação em veículos de comunicação (no Brasil, 30% dos senadores têm algum tipo de ligação com emissoras de rádio e televisão em suas bases eleitorais – ver Lílian Bahia. Em 1995, Paulo Sérgio Pinheiro apontava em artigo pra Folha de São Paulo, que 89 parlamentares, membros do Congresso Nacional, que decide sobre concessões, têm redes de TV e rádios), sabem o que o Alckmin respondeu?

FNDC: O senhor é a favor ou contra parlamentares, prefeitos, governadores, ministros e presidentes da República serem concessionários de emissoras de rádio e TV ou mesmo controladores de jornais ou revistas? Por quê?

Geraldo Alckmin: A legislação brasileira não impede que pessoas que gozem de foto especial sejam concessionários ou permissionários de serviços de radiofusão, aí incluídos a rádio e a Tv, vedando apenas sua participação na gestão da emissora. O que temos que fazer é cumprir a lei. Isso é que se exige dos cidadãos e dos governantes num regime democrático.


....Ou seja, Alckmin é a favor de que a mídia continue na mão de poucos, defendendo interesses econômicos e políticos de grupos que estão há décadas uniformizando o discurso midiatizado e tido como de interesse público. Não estou fechando os olhos para a corrupção, que atinge a todos os partidos. Mas minha posição, mesmo que radical é irreversível: votar na direita, jamais. Compactuar com pessoas que acham normal a desigualdade do país e se restringem a cumprir uma legislação injusta em prol de uma democracia falsa é suicídio. Sinceramente, não acredito que um partido consiga vencer as barreiras impostas por estes grupos, mas isso não justifica aceitar algo que me é inconcebível: como alguém pode achar normal a maior parte da população de um país ser pobre e poucos serem ricos. Não entra na minha cabeça que as pessoas julguem certo não termos todos as mesmas oportunidades.