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22 março 2006

O ADEVOGADO DO DIABU

Um texto do Homem-Baile

Na sexta-feira, apareci de bico em uma aula da Elise. Entramos atrasados; pra piorar, apareci na cara-dura, pois Elise não avisou a professora que ia levar um amigo.

Sentei-me ao lado de minha amiga e fiquei quietinho, nem um pio. Surpreendentemente achei os assuntos abordados bem interessantes, pois se falava sobre coisas das quais tenho pouca noção. Para ser franco, acho que eu estava mais interessado no colóquio do que muitos dos colegas de sala de Elise.

Lá pelas tantas a professora saca um jornal com a fotografia de um cara, clicado em meio a uma fala e por isso flagrado em pose estranha. Talvez por ser eu quem estava na cadeira da ponta, a mulher colocou a foto no meu nariz e fuzilou:

"O que essa foto te passa?"

Eu - que gosto de me achar fotógrafo - olhei, olhei, olhei, demorei, e...

"Hmmm... Nada, não me vem nada à cabeça."

Só quando ela rodou a foto pelos alunos que meu branco passou. Mas já era tarde. Depois que a aula acabou, Elise foi falar com a professora.

"Eu não tinha avisado, mas trouxe um amigo. O Ricardo é de São Paulo..."

"Ah! O que você faz?"

Poderia dizer que sou fotógrafo, o que seria um exagero. Ou analista de sistemas, a profissão impressa em meu holerite. Mas, seguindo os passos de minha amiga, resolvi ser malvado e falar sobre minha profissão bissexta:

"Sou advogado."

A mulher, toda sem graça, só faltou me pedir desculpas, pois menos de cinco minutos atrás estava falando mal de advogados e de seu jargão ininteligível para os reles mortais. Eu contemporizei e disse que concordava com ela, que muitos advogados adoram falar difícil apenas para mostrar cultura. Mas enfim: se falei que era advogado, o fiz apenas por "animus jocandi". Entenderam?