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07 dezembro 2005

um cactos na floresta

....Detesto cactos. Eles são feios, espinhosos e verdes. A secretária do meu setor, que consegue me tirar do sério pelo menos duas vezes por dia com sua insuportável mania de organização, colocou um desses espinhosos na minha mesa de trabalho. Aliás, ela mandou comprar um cactos para cada mesa. Meu trabalho não combina com cactos. Eu esperaria encontrar qualquer coisa no meu canto: ratos, formigas, passarinhos (aqui os passarinhos têm a mania de entrar nos setores e como são burros (tudo aqui é de vidro) não conseguem mais sair. Mas me assustei quando vi aquela planta gorda no meio de meus blocos e anotações. Somos em três jornalistas aqui. Eu e meu colega mais antigo somos verdadeiros bagunceiros. Trabalhamos lado a lado e nossas mesas parecem aqueles castelinhos de papel que as crianças fazem. Uma zoeira. A nossa nova colega é irritante de tão organizada. Deve ser até parente da secretária. A mesa dela tem florzinha, porta-papel cheio de frufrus, canetas dispostas lado a lado, NENHUM PAPEL SOBRE A MESA. Não entendo como alguém que escreve o dia todo pode não ter acúmulo de papel. Mas tudo bem, acredito na super evolução de alguns seres.

....Para nós, bagunceiros de plantão, secretária e tia da faxina são inimigas mortais, pois sempre fodem com teu trabalho. Dia desses, coloquei meu risque e rabisque ao lado de minha mesa, para secar (além de tudo sou atrapalhada e derrubei água nele e no meu teclado). Adivinha se a tia da faxina não colocou ele no lixo. E o pior é que meus contatos mais importantes de trabalho estavam todos nele. Demorei um mês para recuperar os telefones e informações. Até dicas gramaticais estavam lá: uma mini regra dos hífens (sou péssima em tracinhos....ahahahha). E o cactos (agora apelidado por mim de guducho)continua abandonado, me olhando, arrepiado com o mundo de folhas brancas rasuradas que o rodeia. Tenho pena dele, deve ser tão solitário quanto minha garrafinha de água, única coisa viva dentro de meu mundinho em Bratislava (um país pequeno e fedido). Enquanto a garrafinha recebe vários beijos meus por dia, o guducho ainda espera sua chance de perder os espinhos.