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05 setembro 2005

Impunidade

....Neste sábado à noite uma senhora de 69 anos foi estuprada por um vizinho de 18 anos. Ela mora sozinha num casebre em nosso bairro. Muito pobre e abandonada pela família, vive de doações. O garoto, famoso por tentar assaltar diversos moradores do bairro, de cara limpa, sem medo de represálias, é conhecido por sempre andar drogado pelas ruas do bairro. O que me surpreendeu foi no domingo à noite encontrar o garoto solto, rondando as casas do bairro. De nada adiantou a vítima ter reconhecido o agressor. E nessas horas eu pergunto: onde está a justiça? E onde estão as tecnologias capazes de detectar este tipo de crime? A polícia alegou que “não haviam provas evidentes”. Ah, claro, para os pobres não existe exame de corpo delito, eu suponho. Ou o problema é outro? Se alguém é capaz de violentar desta maneira um idoso, o que mais será capaz de fazer? Existe limite para a maldade?

....O mais desesperador é ver a comunidade, de braços atados, trancafiados em suas casa, tentando proteger seus filhos. Presos. Sim, estamos presos, enquanto quem coloca as pessoas em risco está solto. E me pergunto até que ponto é nossa responsabilidade o que está acontecendo. Até onde podemos mudar o curso das coisas. Para que serve a justiça, então? Para guinchar quem não paga o ipva de seus carros? Para que afinal pagamos impostos se nossa segurança está em grades, cachorros, alarmes, verdadeiras fortificações que se tornam nossas casas. E quem não pode se proteger, o que faz? E algum dia, essas perguntas vão ter respostas?

....A impunidade é a marca deste país. Lacordaire disse: “Entre o forte e o fraco, entre o rico e o pobre, entre o patrão e o operário, é a liberdade que oprime e a lei que liberta”. Agora fica a reflexão: se a lei não é capaz de defender os fracos, para que ela serve então?