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28 julho 2005

Tudo tem um fundamento – parte 2

A contraditória
....A casa. Sim, a casa me marcou muito. Depois da conversa com meu primo, fui dormir e ainda acordada senti o cheiro da casa de meus avós. Na sala havia um sofá vermelho de couro que tinha as pontas em forma de caracol. Aquelas almofadinhas redondas, sabe? Eu ficava horas pendurada naquele sofá admirada pelas fotografias que eram exibidas em um grande quadro. Tinha fotos tão velhas, já corroídas pelo tempo. Meu pai foi um dos homens mais bonitos que conheci. Ele tinha os olhos azuis num transparente inigualável. Pareciam de vidro, espelhando o céu. A fotos mais bonita dele estava naquele quadro. E tinha uma foto minha também, com vestidinho vermelho, cheio de babados. Uma chiquinha.

....O que a sala tinha de glamour, a cozinha tinha de descaso. Lembro que havia um buraco no assoalho. Mas não era um buraco qualquer, era um buraco fora a fora, que dava para o porão, aberto, lembram? A abertura no chão ficava ao lado da pia e servia para que minha vó jogasse por ele as verduras que sobravam para as galinhas comerem. Claro que o buraco não foi feito para isso, meus avós eram problemáticos, mas não tanto. Era o antigo espaço ocupado pelo fogão a lenha, que foi reinstalado posteriormente em outro local da cozinha, deixando aquele orifício para a felicidade dos galináceos da casa, que nem sabiam que era um passo mais próximo da cova para eles....O buraco era outra coisa da casa que eu não entendia. Ninguém havia me falado nele e o que eu sabia era que a nona jogava por ali os netinhos que não se comportavam direito. Ficava pensando que eu jamais passaria por aquele lugar tão pequeno, mas na dúvida, resolvi nunca incomodar minha nona.