Free Image Hosting by www.randomcrap.net

12 julho 2005

Nabuco se salvou

....Pessoas, hoje entra no blog mais um colunista. Depois do Abnegadus e do Paulo, que me abandonaram na triste carreira de blogueira, arranjei uma sarna para me coçar. Então, apresento a vocês meu novo colunista: Nabuco, o derrotado pela vida. Apesar de ter exigido que o mesmo se identificasse e mudasse seu apelido para poder ser meu colunista, ele se negou terminantemente. E como o texto tava bom, resolvi ceder.

....................................
Holandesas

Não havia muitos detalhes naquela casa, tudo parecia ser velho e limpo. Janelas muito grandes davam a impressão de se estar numa grande varanda, com vento ondulando as cortinas e os tecidos sobre os móveis. Tudo contrastava, as roupas extravagantes, os perfumes enjoados e a maquiagem colorida de Amelie não poderiam vir daquela casa. Tudo era tão simples, tão velho. Esperava com uma xícara de café minúscula, que mal cabia em minha mão, que a empregada ofereceu. Devia ser holandesa, os detalhes muito pequenos e azuis na porcelana trincada eram sem dúvida uma velha e nobre obra de arte. O café estava sem açúcar, mas precisei de apenas um gole, não foi sacrifício, acabou logo. Ouvi estalos de madeira, passos, e logo descobri Amelie no alto da escada. A claridade deixava-me apenas contemplar seu desenho. Nunca ela me parecera tão bela quanto naquele momento. A sombra lhe dava contornos generosos e a vida naquele momento virou um filme em preto e branco. Muitos contrastes.

Amelie desceu vagarosamente, tive a impressão de ouvir um dos Stabat Mater naquele momento. Um suspiro sofrido apertou-me mais que devia. Pensei em desistir, afinal não era meu papel aquele. Fui ao seu encontro e dei-lhe o embrulho que trazia nas mãos. Sem cerimônias, ela o abriu, como a quem despe-se de uma roupa pesada. Deu-me uns trocados e ficou me olhando, como que me varrendo dali. E eu continuava ouvindo Stabat Mater. Sai da velha casa em preto e branco, enquanto Amelie permanecia ali, colorida e perfumada, com as xícaras trincadas.

Nabuco
....................................