Free Image Hosting by www.randomcrap.net

12 maio 2005

Um belo dia em Paris resolveria minha vida

....Um dia escrevi que o orgulho era talvez o pior sentimento de todos, e digamos que estou bem provida deste mal. Mas tem outro que se não for pior, é mais doído: a revolta. A revolta move mundos, é verdade, é ela quem dá sentido à humanidade, mas quando ela não faz nada, aí está o seu potencial maléfico para o sistema imunológico. Os revoltados estão sempre mal humorados (dois pontos pra mim), querendo matar alguém (mais um ponto), tomando as dores dos outros (uau, estou chegando lá, um ponto), e disparando ironias sobre o assunto que o revolta (cinco pontos! Por fazer isso na frente de pessoas maiores, vulgo chefes, mais sete pontos). Ganhei o jogo. Acho que em menos de meio ano tenho um enfarte.

....Claro que estou exagerando. Mas é só para dizer o quanto a ignorância faz bem. E não estou falando de inteligência, cultura ou qualquer coisa assim, estou falando dessa curiosidade vil e sedenta que a revolta nos instaura. E vamos atrás. E nos torturamos, pois quanto mais merda procuramos, mais encontramos, e geralmente bem mais fedidas que imaginávamos. A ignorância é o freio da revolta. Por isso digo que a humanidade é tão tapada. Alguém já reparou que não existem mais revoltas significativas pelo mundo? Esses movimentozinhos ridículos anti-bush, onde meia dúzia de babacas vestidos de branco saem pelas ruas soltando pombas e com cartazes pedindo paz. Revolta é outra coisa. Não estou falando de morte ou extermínio, ou violência, mas sim de algo que tenha mais vigor e resultados. Odeio passeatas. Boicote é revolta. Uff.

....Mas o que me preocupa no momento é a minha revolta. E quanto mais individualista o mundo fica, mais as pessoas voltam-se para seus interiores e enxergam quanto podre há dentro da gente e no mundo. E mais precisamos nos imbecilizar com consumos que saem até muito baratos (e dão lucro, o que é mais incrível) ao sistema. Ou então, os mais sensíveis, não aguentam e mergulham no mundo das viagens maravilhosas que os químicos vendem. Aos normais que não usam drogas e não gostam muito de tv, sobram os enfartes e consultórios médicos. No final das contas, todos somos iguais. Uns mais fedidos, outros menos, mas a revolta não cheira.